15.2 – A quarta taça da Ira de Deus - Capítulo 16
8 - E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo.
9 - E os homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória.
10 - E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor.
11 - E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras.

O ILUMINISMO: QUANDO OS HOMENS ERAM GUIADOS PELA RAZÃO
As taças do Apocalipse mostraram as grandes transformações políticas, econômicas, sociais e culturais que ocorreram no segundo milênio da Era Cristã. As três primeiras taças representam a decadência do feudalismo e o surgimento do mercantilismo e do absolutismo. O iluminismo foi o fenômeno histórico que trouxe as grandes transformações após o absolutismo. Ele é a quarta taça. O iluminismo era um fenômeno que tinha como base uma corrente filosófica do século XVIII, que enfatizava o uso da razão para a interpretação da existência humana. Constituiu uma sequência lógica da evolução do pensamento racionalista do século anterior e do desenvolvimento das ciências naturais. Sua influência atingiu outros setores da atividade humana e enaltecia sempre a razão como propulsora do progresso para a liberdade, felicidade e dignidade humana.
Depois das invasões bárbaras no século quinto, a Europa entrou num período de profunda decadência cultural, que ficou conhecido como a "Era das Trevas". A partir do século XII, o Renascimento, um processo de reavivamento cultural, trouxe de volta a luz do conhecimento ao povo europeu. Esse foi reforçado pelo escolasticismo, que fez aparecer as primeiras escolas leigas e as universidades. No século XV, apareceu a imprensa, que facilitou a difusão do conhecimento. (115. ENCICLOPÉDIA Universal. v. 5, p. 1386.) No século XVI, surgiram os primeiros grandes cientistas, Galileu Galilei foi um deles. No século XVII, apareceram os Enciclopedistas, com eles acelerou-se o processo de difusão das ciências. Esse século foi marcado por grandes nomes da área científica, literária e artística, como Richelieu, que fundou a Academia Francesa; Mazarino, que criou a Academia de Pinturas e Esculturas; Colbert, as de Ciência e Música. Destacaram-se o filósofo e matemático Rene Descartes, criador da geometria analítica; o físico, matemático e filósofo da religião, Blaise Pascal, e muitos outros, como Fermat, Malherbe, Corneille, Racine, Moliére, La Fontaine, Boileau e Bossuet. A ciência voltava à mente do povo europeu. Começava uma verdadeira revolução intelectual.
O iluminismo iniciou-se com a difusão das ideias racionalistas dos três grandes pensadores do século XVII: Rene Descartes, John Locke e Isaac Newton. O auge dessa revolução aconteceu no século XVIII, considerado o Século das Luzes, quando o lema do homem era guiar-se pela razão. Um pensamento da época rezava: "A razão é o único guia infalível para se chegar ao conhecimento e à sabedoria". O iluminismo foi mais uma grande transformação social que caracterizou um novo modo de vida às nações. Mais uma profecia do Apocalipse se cumpriu.
O Iluminismo, a revolução das ideias.
8 - E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo.
9 - E os homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória.
Essa é a narrativa que coloca em cena a época histórica do iluminismo, quando os homens viveram influenciados pela busca de novos conhecimentos e suas vidas foram pautadas pelo uso da razão. A quarta taça, derramada sobre o sol, permitiu abrasar os homens com fogo.
Apesar de ser fácil entender o sentido dessa profecia, somente pelas atribuições a este período histórico, tais como Iluminismo e Séculos das Luzes, é bom entender o significado do símbolo empregado: o sol com o fogo que dele irradia. A Bíblia revela que essas manifestações cósmicas se referem ao conhecimento e à cultura. O profeta Daniel disse que os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento. Jesus falou que os justos resplandecerão como o sol; que os homens podem ser uma luz: Vós sois a luz do mundo. Ele mesmo era a "luz dos gentios", a "verdadeira luz, que ilumina a todo homem", "para iluminação do conhecimento". A meditação é uma busca pelo conhecimento. Veja esta passagem de Salmos: "Acendeu-se dentro de mim o meu coração; e enquanto eu meditava ateou-se o fogo; então falei com minha lín- gua". Fogo, calor e luz significam sabedoria e conhecimento. Ser iluminado, queimado, abrasado representa aumento de conhecimento. Os homens foram abrasados com grande calor e iluminados com grandes conhecimentos. (116. Daniel 12:3; Mateus 13:43; Id. 5:14: Atos 13:47; João 1:9:11 Corintios 4:6; Mateus 3:11; Lucas 12:49; Salmos 39:3.)

A taça derramada no sol, mas que abrasa os homens com fogo, mostra que o acontecimento seria no homem, portanto, não é um evento cósmico, mas histórico. De fato, os homens foram iluminados com a luz do conhecimento. A sabedoria prevaleceu sobre a ignorância. O Século das Luzes prevaleceu sobre as trevas da Idade Média.
O racionalismo na religião
Os homens evoluíram em conhecimento como nunca havia acontecido na História, mas não deram glória a Deus, antes, pelo contrário, blasfemaram o nome de Deus. Obtiveram evolução do conhecimento e, com isso, desacreditaram no poder e na influência que Deus tem sobre as leis da natureza. Para os filósofos iluministas, devido às suas teorias de "causa e efeito", Deus não influía no mundo visível. Tudo, para eles, era regida por leis mecânicas que conduzem o Universo de uma forma inalterável. O princípio dessa conclusão foi a influência do pensamento racionalista desenvolvido no século anterior que se introduziu na religião. Segundo os pensadores, o universo físico não era o campo da arbitrária ação divina, mas um reino de leis interpretáveis. Foi a conclusão da ciência da época em termos estritos de mecânica de causa e efeito.
Esta Terra não era mais o centro de todas as coisas, mas um mero ponto num vasto reino de corpos, muitos de tamanho infinitamente maior, e todos se moviam em obediência às leis inalteráveis. O grande cientista Isaac Newton foi profundamente religioso e muito interessado na teologia, mas suas descobertas científicas foram usadas por alguns como um meio para desacreditar o cristianismo. Para o pensador Rene Descartes, nossas ideias são verdadeiras e, como as de Deus, somente são claras e distintas com a claridade lógica das demonstrações da geometria. A matéria, tendo sua origem em Deus, em tudo é oposta ao espírito. Em última análise, só tem a extensão e o movimento puramente mecânico que Deus lhe imprimiu. Daí os animais são meramente máquinas. Para outro famoso iluminista, Leibniz, Deus não era um ser perfeito. Diz ele que Deus criou o mundo para mostrar Sua perfeição, então escolheu o melhor de todos os mundos possíveis. E tudo que parece mal é mostrar a sua imperfeição, como dor física, limitação ou mal moral, o que, não obstante, significa que Deus por fim, não podia ter feito um mundo melhor. E, outro iluminista, John Locke, achava que era bastante reconhecer Jesus como o Messias e praticar as virtudes morais que Ele proclamou.
O Deísmo, a blasfêmia contra o poder de Deus O desenvolvimento do racionalismo na religião fez surgir o Deismo, que na sua forma mais radical que se tornou anticristão e uma verdadeira blasfêmia contra Deus.(117. WALKER, op. cit., p. 572-575.)
Russel Normam CHAMPLIN esclarece que o Deísmo era um conhecimento do divino adquirido através da razão, e não através da revelação. A isso chamou-se de religião natural, em contraste com a religião sobrenatural. Na filosofia, o termo era usado em contraste com o Teísmo. Nesse caso, afirmava-se que houve um deus ou força cósmica de algum tipo que deu origem à criação, mas que, ato contínuo, abandonou sua criação e a deixou entregue ao controle das leis naturais. Assim, Deus não teria qualquer interesse por sua própria criação, nem intervinha, nem galardoava e nem castigava. Isso significa que Deus está divorciado de sua criação. Em contraste, o Teísmo ensina que Deus intervém, galardoa e pune. O homem é responsável diante dos princípios divinos e será devidamente galardoado ou punido segundo suas ações; mas, de acordo com o Deísmo, isso dar-se-ia por meio de leis naturais, as quais, para todos os propósitos práticos, torna-se uma divindade substituta.
Para os deístas, os piores inimigos da humanidade eram os que tinham mantido as criaturas na superstição, e o maior exemplo desses eram os "sacerdotes" de todos os tipos. Segundo eles, tudo o que era de valor na revelação já havia sido dado aos homens na religião natural racional, daí o cristianismoisto é, tudo o que tinha valor no cristianismo é tão velho quanto a "Criação". E, também, tudo o que era obscuro ou estava acima da razão na assim chamada revelação era e sem valor, ou mesmo pior que isso.(118. CHAMPLIN, Russel Normam; BENTES, João Marques. Enciclopé) No superstição Deísmo, os milagres não eram provas reais da revelação; eles ou eram supérfluos, pois tudo de valor que testemunham a razão já era possuidora, ou eram um insulto à perfeita obra de um Criador que pôs este mundo a girar segundo as mais perfeitas leis mecânicas e não interferia no seu funcionamento."
Os deístas provocaram muitas refutações à religião. William Law, no seu livro O Caso da Razão (1732), disse que a razão, não apenas, não achava a verdade na religião, mas era ela a causa de todas as desordens de paixões e corrupções de nossos corações. Hume foi um dos mais agudos pensadores e dizia que se causa e efeito são abandonados, o argumento da existência de Deus não tem fundamento. A maior sensação provocada por Hume foi [...]

[...] sua crítica aos milagres, então considerados como a principal defesa da revelação e do cristianismo. Poucos dos que agora afirmam os milagres os consideram, como era feito no século décimo oitavo, como provas principais do cristianismo, disse ele. Reimarus, deísta alemão, falou que o mundo é mesmo o único milagre e a única revelação- quaisquer outros são impossíveis. Os escritores da Bíblia nem sequer eram homens honestos, mas impelidos pela fraude e pelo egoísmo. Semler, outro deísta, negou igual valor de todas as partes da escritura.( WALKER, op. cit. 587/dia de Bíblia teologia e filosofia. p. 38) A revelação, ensinou, está na escritura, mas toda a escritura não é revelação. Voltaire era verdadeiro deísta em sua crença na existência de Deus e de uma primitiva religião natural que consiste de simples moralidade, e ainda, em sua rejeição de tudo que repousasse na autoridade da bíblia ou da igreja. Não há dúvida quanto à extensão e ao significado de suas obras terem influenciado a mente francesa no sentido visto na revolução.
A quarta taça foi derramada no sol e abrasou os homens com grande calor. Essa profecia se cumpriu no iluminismo, quando os homens aumentaram consideravelmente seus conhecimentos. Mas eles não deram o devido crédito e louvor a Deus, antes, pelo contrário, blasfemaram contra o Seu nome. Com suas filosofias de causas e efeitos, diziam que Deus não tinha nada a ver com o que acontecia no mundo visível. É preciso notar que eles não desacreditaram em Deus, mas na autoridade de Deus; blasfemaram o nome de Deus, não contra Deus. Apesar de tudo isso soar como uma arrogância do homem contra Deus, na verdade, "na religião e na moral, os iluministas procuraram analisar os dogmas e as leis para se chegar a uma religião natural que não negasse Deus, como Criador, mas repelisse a sua ingerência no destino humano". ( Ibid., p. 588,590,591,593,642,644./ ENCICLOPÉDIA Universal, op. cit., v. 5. p. 1836..)
A pura verdade é que Deus tem o domínio e o conhecimento sobre todas as leis da humanidade e do universo. "Ele muda os tempos e as estações; remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos entendidos". É Ele que tem poder sobre estas pragas, é Ele que guia as nações e também influi nas leis da natureza e da razão. Os homens não reconheceram e não se arrependeram para lhe darem glória. Pelo contrário, achavam que tudo isso era fruto de seus pensamentos e suas decisões.
O iluminismo marcou o momento da História em que os homens foram agraciados com mais conhecimentos. Eles adquiriram sabedoria para controlar e mudar seus sistemas de vida. Os homens tiveram condições para entender, criar e administrar as leis políticas, econômicas e sociais que regulam e norteiam a sociedade, como também condições intelectuais para desenvolver grandes inventos em benefício da humanidade. Aumentou-se a cultura dos homens, abriram- se as suas mentes para as ciências. A quarta taça do Apocalipse foi derramada sobre o sol e abrasou os homens com grande calor. Sem dúvida, essa taça representou o fenômeno do iluminismo. Tempo dos grandes cientistas e da Revolução Industrial. Tempo em que os homens enalteciam o uso da razão como único meio de se chegar à sabedoria e ao conhecimento, com a palavra de ordem expressa em frases, como: "Penso, logo existo". Nessa época, a atenção do homem estava voltada para tudo o que concerne à razão. O homem passou a viver subordinado a ela. (Daniel 2:21.)
Era a luz do conhecimento que brilhava mais intensamente na mente dos homens. A taça derramada no sol.
Daniel 2:21
E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.
Esse foi o panorama do século XVIII, muitos gênios. O conhecimento propiciou uma significativa mudança na história do homem. Agora, graças à força do conhecimento, a força do rei vai dar lugar à força das massas. Os homens querem liberdade. Vamos às ruas de Paris. Vamos às revoluções. A viagem que empreendemos se aproxima de nossos dias. E traremos um presente a todos: a liberdade.
O ILUMINISMO, SÉCULO XVIII. SÉCULO DAS LUZES, É A QUARTA TAÇA DOS JUÍZOS DE DEUS. FOI UMA REVOLUÇÃO INTELECTUAL QUE MUDOU A FORMA DO HOMEM PENSAR E VIVER. AGORA. SUBORDINADO À RAZÃO.

O LIBERALISMO: QUANDO OS HOMENS LUTARAM CONTRA OS PODEROSOS
Nossa viagem chegou ao final do século XVIII. Vamos sair das bibliotecas e universidades para espalhar a boa-nova de liberdade, fraternidade e igualdade. É hora de colocar os ideais em prática. E hora de lutar. É hora de pedir a cabeça do rei. Os homens querem o seu trono e a sua coroa. O cetro do poder lhes pertence. É o povo que manda. Os homens são livres. No ápice do iluminismo, quando os homens estavam mais cientes do mundo que lhes cercava, surge um notável fenômeno: o liberalismo. Essa filosofia é uma corrente de ideias ou conjunto de convicções políticas, um sistema político-econômico que tem como foco principal a defesa e preservação das liberdades individuais nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder estatal. Segundo o liberalismo, a religião é um assunto privado, e não é função do Estado impor uma crença qualquer aos cidadãos. Essa corrente de ideias transformou-se em doutrina política, caracterizada pela limitação dos poderes do Estado. Os liberais são ativos defensores do governo constitucional, dos direitos civis e da proteção à privacidade.
Respaldado pelas ideias liberais e movido pelo sentimento nacionalista, o povo modificou a estrutura de monarquias que começou nos Estados Unidos, em 1776, e se estendeu para a Inglaterra, Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha, Suíça, Grécia e culminou na França, o movimento revolucionário continuou a repercutir em outros países europeus e voltou à própria França, em 1830 e 1848. (123. NOVA Enciclopédia Ilustrada Folha. v. 2. p. 564. http://pt.wikipedia. org/wiki/Liberalismo. 08/03/2011.) Nessa época, os filósofos e economistas, com destaque aos pensadores franceses Montesquieu, Voltaire e Rosseau, influenciaram o povo francês ao pregar a liberdade política e econômica, e colocaram o povo contra o domínio absoluto da monarquia; daí a Revolução Francesa que destruiu violentamente o antigo regime e, par a par com a Revolução Industrial, forçou as portas de toda a Europa às reformas políticas, sociais e econômicas."
As causas da Revolução eram as condições econômicas, políticas e sociais da França. Ela era mal administrada pela monarquia; altos impostos e ineficiência na arrecadação; uma indústria incapaz de competir com os produtos ingleses; uma burguesia desejosa de maior participação política, e a massa da população ainda vivendo resquícios feudais; além de uma sociedade de classes com privilégios enormes para poucos." Na tentativa de equilibrar a situação econômica e fiscal, durante a Revolução, a monarquia francesa usou uma política ditada pelo absolutismo do rei e cortou o privilégio do clero. (124. ARRUDA, op. cit., p. 157. 125. BECKER, op. cit., p. 421. 126. ARRUDA, op. cit., p. 157-159.)
Contra as pretensões papais, o rei afirmou pertencerem à coroa todas as rendas dos bispados. Em 1789, as terras da Igreja foram declaradas de propriedade nacional. Os mosteiros foram abolidos em 1790. Nesse mesmo ano, a Constituição Civil do Clero derribou as velhas divisões eclesiásticas e fez cada "departamento" um bispado e estabeleceu que as eleições de todos os sacerdotes seriam feitas pelos votantes legais de suas comunidades." Fora a França, a Alemanha foi outro país que sentiu o efeito do liberalismo. Na Alemanha, as guerras dos períodos republicano e napoleônico resultaram em importantes mudanças. Cessaram praticamente de existir, em 1803, os antigos territórios eclesiásticos, e foram divididos entre os estados seculares. Em 1806, Francisco II resignou ao título de Sacro Imperador Romano.
Já tomara o de Imperador da Áustria. Foi o desaparecimento de uma venerável instituição, o Santo Império Romano, a qual, na realidade, desde muito era uma sombra, mas que estava ligada às lembranças medievais da relação do Estado e Igreja. Com isso, apesar do rei ainda sustentar o título de imperador, o caminho para a República Alemã começa a ser traçado. A Itália também sofreu os impactos do liberalismo. As conquistas francesas fizeram de Roma uma República, e o Papa Pio VI foi levado prisioneiro para a França, onde morreu. Pela primeira vez, a Igreja entregava todas as terras confiscadas ainda não em poder do governo. Em 1809, foram anexados os Estados da Igreja, o papa foi feito prisioneiro desde essa data até 1814 e a Igreja Católica Francesa foi colocada sob o controle do governo por Napoleão.(127. WALKER, op. cit., p. 687,691,692.695./ 128. Ibid., p. 693.)

Essas foram, em linhas gerais, as principais consequências que esse movimento revolucionário dispensou a importantes nações da Europa e ao papado. Era o fim das monarquias. O reino da besta se fez tenebroso.
A Santa Aliança
e os homens mordiam de dor as suas linguas. E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram o Deus do céu. Apocalipse 16:10b,11
O quinto anjo derramou sua taça no trono da besta, e os homens mordiam suas linguas de dor. Morder a língua significa não conseguir falar, ou falar sem expressividade. A frase popular "morder a língua" dá a entender essa expressão. Os homens mordiam suas línguas de dor porque não conseguiam impor uma ordem, uma lei, uma doutrina. Chagas representa insignificância política. Essas simbologias se referem à ineficiência da ação dos monarcas na tentativa de impedir o avanço do movimento revolucionário, principalmente através da Santa Aliança. Mas nenhum esforço adiantou, um novo sistema político dominou o mundo: a República. O movimento da Revolução Francesa e as conquistas de Napoleão Bonaparte abriram as portas para o avanço desse novo ideal de governo por toda a Europa. (129. Ibid., p. 687,691.692,695.)
A França foi a primeira a sentir os impactos da Revolução. Depois, as guerras napoleónicas causaram danos à Inglaterra, Áustria, Prússia, Rússia, Holanda, Espanha, aos estados alemães (Santo Império) e estados italianos. A ordem dos fatos obrigou os governos a adotarem medidas para frear o avanço dos acontecimentos, mas foi inútil. Uma primeira tentativa foi as seis coligações organizadas, e somente a última conseguiu impor restrições ao avanço das tropas. A segunda tentativa foi a formação da Santa Aliança, logo após a queda do Império de Napoleão. Ela surgiu como resultado de um congresso em Viena, 1814. As grandes potências, Rússia, Inglaterra, Áustria e Prússia, tomaram a decisão de trabalhar no sentido de impedir o avanço do movimento e fazer retornar as fronteiras da Europa aos patamares anteriores a 1789.
O objetivo da Santa Aliança era vigiar a França e reprimir os possíveis movimentos revolucionários e liberais que viessem a surgir em qualquer ponto da Europa, e abafar qualquer movimento de caráter separatista (de independência) ou nacional.A Santa Aliança envolvia também as terras coloniais. A proposta foi do imperador da Rússia, Alexandre I. Em 1816, o imperador da Áustria e o rei da Prússia assinaram o tratado em nome da “Santíssima Trindade".
Num primeiro instante, a Santa Aliança, formada por Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia, cumpriu seu intento. A Inglaterra assegurou sua supremacia nos mares, graças à anexação de pontos estratégicos no Mediterrâneo, no caminho das Índias e nas Antilhas. A Bélgica, que era dominada pela França, foi ligada à Holanda. A Rússia recebeu parte da Polônia, Finlândia e a Bessarábia. A Prússia recebeu grande parte da região renana. A Áustria recebeu a Lombardia e Veneza, assim como a supremacia sobre a Itália. (130. ARRUDA, op. cit., p. 181./ 131. Ibid. p. 179-181.)
A Santa Aliança teve um sucesso inicial, mas acabou em fracasso. Sua última realização foi a supressão de uma revolta em 1820, quando militares liberais, contrários ao regime absolutista na Espanha e no Reino das duas Sicílias, provocaram uma rebelião que culminou com a imposição de uma constituição. Já por volta de 1830, o poder da Santa Aliança havia desaparecido sem conseguir abafar a rebelião dos gregos contra os turcos e a independência das Colônias da América do Sul. Ficou desmoralizada.133 Foi uma vã tentativa dos monarcas de restabelecer o antigo regime e retornar ao passado.134 A partir de então, depois da revolução de 1830, que acabou com o antigo regime na França, várias nações europeias se tornaram também repúblicas independentes: Bélgica, Polônia, Itália, Hungria, Boêmia e Grécia. Em 1848, houve uma segunda revolução liberal na França, e as consequências foram enormes para toda a Europa. Em Viena, na Áustria, uma revolta de estudantes obrigou o imperador a prometer uma constituição. (132. Ibid. P./ 181,182. P./ 181,182./ 133. Ibid. P./ 181,182. P./ 181,182./ 134. BECKER, op. cit., p. 460.)

E depois da insurreição vienense, na Hungria, Boêmia, Lombardia e Veneza, estouraram movimentos nacionalistas contra os austríacos. Em Berlim, motins populares conseguiram a eleição por sufrágio universal de um Parlamento constituinte. Apesar de uma reação absolutista, que durou alguns anos, as nações europeias se tornaram cada vez mais livres. A Santa Aliança fracassara.
Apesar de menor nível de importância, processo semelhante acontecera com o papado. Ele detinha o controle de uma enorme quantidade de terras na Europa, que formava a base de um vasto reino religioso. Mas, diante dos acontecimentos, a Igreja perdeu suas terras e grande parte de sua influência sobre as nações. Fora tudo o que acontecera no tempo de Napoleão, em 1861, quando Vítor Emanuel estabeleceu o Reino da Itália. Nele foi incluída a maior parte dos antigos Estados da Igreja. Em 20 de setembro de 1870, Vítor Emanuel se apoderou de Roma: Então seus habitantes, por 133 mil votos contra 1500, foram a favor da anexação à Itália. O governo italiano assegurou ao papa os privilégios de um soberano e a posse absoluta do Vaticano, Latrão e Castel Gandolfo. Assim terminaram os Estados da Igreja, a mais antiga soberania secular sem interrupção ainda existente na Europa. (135. BECKER, op. cit., p. 464./ 136. Ibid. p. 695,696.)
O papado também mordia sua língua. Ele reclamava dos reis que destruíram o poder da Santa Sé. Todavia, esses protestos papais foram insignificantes e não tiveram eficácia alguma. O Papa Pio VI excomungou Napoleão quando ele invadiu a Itália, mas a bula papal foi ridícula e inofensiva. O Papa Pio IX, em 1870, protestou quando lhe foi tomado Roma, se declarou "prisioneiro do Vaticano" e inutilmente excomungou Vítor Emanuel. E, por mais meio século, o papado recusou reconhecer a perda de suas possessões temporais. 137 A partir de 1929, o papado procurou consolidar suas conquistas meio de concordatas com a Itália e Alemanha. por Quando esses governos quebraram seus acordos, Pio XI protestou com as vigorosas encíclicas Non Abbiamo Bisogno (1931) e Mit Brennender Sorge (1937).
Enfim, o esforço dos monarcas para impedir o avanço do movimento revolucionário foi em vão. A Santa Aliança foi um fracasso. As dores e as chagas continuavam a aumentar. O poder dos reis se tornava cada vez menor. O reino deles se fazia tenebroso. Justo eles que se achavam instituídos por direito divino, agora mordiam as suas línguas de dor e blasfemaram de Deus por causa das suas dores e por causa das suas chagas. Nada adiantou, as nações passaram a organizar seu poder não mais no direito absoluto do rei, mas com base nos ideais da Revolução Francesa: "liberdade, fraternidade, igualdade". (137. WALKER. op. cit., p. 696. / 138. Ibid. P. 699.)
República e Império
[...] e não se arrependeram das suas obras. Apocalipse 16:11b
O juízo da quinta taça veio sobre as nações da Europa no final do século XVIII e destruiu a influência da velha filosofia absolutista. Os reis instituídos por direito divino perderam o poder. No bojo, desbancou também a autoridade religiosa dos papas e lhe tirou o domínio sobre muitas terras. Mas eles não se arrependeram das suas obras. Continuaram com o intento de governar de forma absolutista e despótica. Logo após a Revolução Francesa e as conquistas de Napoleão, houve uma reação, e o sistema monárquico absoluto perdurou em algumas partes da Europa.
O próprio Napoleão Bonaparte, mesmo debaixo de uma constituição, exerceu poder absolutista. Ele formou uma nova corte e reconduziu a antiga nobreza ao poder com o intuito de dar sustentação ao seu governo. Investido desse poder, submeteu toda a Europa Ocidental. Em 1813, os aliados venceram Napoleão, invadiram a França e estabeleceram a monarquia. Na França, desde a Revolução de 1789, aconteceram alternâncias de sistemas políticos, ora República, ora Império. Até 1789, era uma monarquia despótica. Em 1791, uma monarquia constitucional. Em 1793, foi implantada a República. Em 1799, o regime do consulado. Em 1804, surgiu o Império. Em 1815, restaurou-se a monarquia. Em 1824, a monarquia se enfraquece e, em 1830, inicia uma revolução para sua derrubada. Em 1847, foi implantada a [...] (139. ARRUDA, op. cit., p. 174-176.)

II República da França. Em 1851, foi implantado o II Império, que durou até 1870, quando se instaura a III República. Enfim, o tipo de governo imperial ainda persistiu em algumas partes da Europa, através do Império Austro-Húngaro, do Império Russo e do Império Alemão. O Império Russo, posteriormente, se converteu no chamado "Império Soviético". Apesar de não ter um imperador, foi desfeito somente em 1991. A Grã-Bretanha mantém características imperiais até os dias de hoje, mas sem governo absolutista.
Enfim, os reis tinham poder absoluto e "divino" para governar o mundo inteiro. Controlavam suas metrópoles na Europa e suas colônias na América e Ásia. Todo esse sistema dava aos reis um poder sem igual na História. Era um sistema mundial de poder. As revoluções políticas e sociais do final do século XVIII e primeira metade do século XIX, com destaque para a Revolução Francesa, foram os acontecimentos que assinalaram o fim dessas monarquias, o fim do poder papal e o fim do Santo Império Romano. Esse foi um momento de grandes transformações políticas, econômicas, sociais, culturais e religiosas, tanto que prenderam um papa e executaram um rei.
Os homens (reis) perderam poder, sentiram dores, mas não se arrependeram das suas obras, relutaram em abandonar o Antigo Regime e por diversas vezes tentaram implantá-lo. Assim, a Europa vivenciou um híbrido de Império e República até a I Guerra Mundial. Mas, no geral, os impérios e as monarquias absolutistas foram substituídos pela República Liberal. (140. Ibid. p. 167,197-200.)
Quando surgiu o liberalismo, a atenção dos homens voltou-se para tudo o que acontecia com as nações, com o poder papal, com a nobreza, com a realeza e com o Santo Império. Surgiu uma guerra contra os poderosos. Uma época em que os homens viviam subordinados à ideia de liberdade. O liberalismo cumpriu a profecia da quinta taça do Apocalipse derramada sobre o trono da besta. O mundo medieval chegou ao fim. Os últimos resquícios do Antigo Império Romano se extinguiam com a derrocada do Santo Império. Contudo, ainda havia outro poderoso reino no Oriente. Sobre ele foi derramado o juízo da sexta taça. Saberemos como tudo aconteceu, vamos para lá!
"A QUINTA TAÇA DO APOCALIPSE CUMPRIU-SE COM O LIBERALISMO. OS EFEITOS MAIS CATASTRÓFICOS FORAM AS REVOLUÇÕES NA FRANÇA. DERRAMADA SOBRE OS GOVERNOS MONÁRQUICOS EUROPEUS, ACABOU POR DECRETAR O FIM DO SANTO IMPÉRIO ROMANO. UMA NOVA SITUAÇÃO POLÍTICA SE IMPLANTOU, OS REIS E PODEROSOS CAÍRAM POR TERRA. UMA NOVA MENTALIDADE DOMINOU O MUNDO, A LIBERDADE FOI PROCLAMADA. MAS NEM POR ISSO OS HOMENS NÃO SOFRERAM. O LIBERALISMO TROUXE CONSEQUÊNCIAS DRÁSTICAS PARA TODA A SOCIEDADE MUNDIAL."
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