09 – Os remanescentes e as reformas protestantes - Capítulo 10
1 - E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo;
2 - E tinha na sua mão um livrinho aberto. E pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra;
3 - E clamou com grande voz, como quando ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes.
4 - E, quando os sete trovões acabaram de emitir as suas vozes, eu ia escrever; mas ouvi uma voz do céu, que me dizia: Sela o que os sete trovões emitiram, e nào o escrevas.
5 - E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu,
6 - E jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora;
7 - Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos.
8 - E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra.
9 - E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel.
10 - E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.
11 - E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis.
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“UM ANJO FORTE”
Vimos, em estudos anteriores que, nas profecias, a palavra anjo está sempre ligada a mensagem, mensageiro ou povo mensageiro:
Os remanescentes e as reformas protestantes Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer;
Apocalipse 1:19,20
O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.
Anjos são mensageiros. Mas, como pode ser isso, se o versículo 20 diz que estrelas são anjos. No livro de Malaquias 2:7, é dito que o sacerdote traz o conhecimento e dos seus lábios vem a palavra de Deus, porque ele é o anjo, o mensageiro de Deus, que, no hebraico, é mal'akh, que significa representante ou aquele que fala em nome de Deus.
Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos. Esse "anjo" de Apocalipse 10 é forte, porque sua mensagem vai causar uma grande revolução, mas, estava vestido, ou ocultado por uma nuvem, significando que será uma revolução silenciosa, do tipo fogo não [...]
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[...] soprado. Sobre sua cabeça estava o "arco celeste", chamado de arco-íris pelos pagãos, que representa o con- certo de Deus com a humanidade e, também, o evangelho da paz. É dito, ainda, que "os seus pés (são) como colunas de fogo", ou como "latão reluzente". Uma passagem sobre latão reluzente está em:
E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente: Apocalipse 2:18
Calçado pelo evangelho da paz
A Bíblia fala de "calçado pelo evangelho da paz", ou seja, pautado pela palavra de Deus, pela pregação do evangelho do reino, algo que está no caminho de Deus. O "fogo" representa conhecimento, o que podemos ver quando Jesus diz:
Vim lançar fogo na terra; e que mais quero, se já está aceso? Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como me angustio até que venha a cumprir-se! Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão; Lucas 12:49-51
Ao dizer que veio lançar fogo, o Senhor Jesus referia-se a trazer o conhecimento da verdade, porque a verdade nos prova como o fogo. A bíblia fala que a igreja de Laodicéia é "pobre, cega e nua", porque compra o conhecimento ou o ouro não provado no fogo, ou seja, não está vivido, não está realmente testemunhado. Mas, quem recebe a verdade, dá testemunho da verdade e vive na verdade, como quem está sendo provado no fogo. Devemos entender que esse anjo está diretamente correlacionado com a pregação do evangelho. Sol, em linguagem profética, sempre representa a justiça, a verdade, a luz, a força, o brilho de Deus.
Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria. Malaquias 4:2
Seguindo a análise do texto:
Apocalipse 10:2
2 E tinha na sua mão um livrinho aberto. E pós o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra;
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Temos algo referente ao verdadeiro evangelho no testemunho desse anjo, que segurava um "livrinho aberto", que também é mostrado como o livro dos sete selos. Esse livrinho é oferecido a João e está aberto, indicando que está revelado, que é conhecido, mas, apenas pela igreja de Deus, pelos verdadeiros adoradores. Diz-se que esse anjo "pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo, sobre a terra".
Mar: em profecia, significa povos, multidões.
Terra: representa territórios, partes de nações.
Essa mensagem expandir-se-á e alcançará muitas pessoas, consideradas isoladamente ou como integrantes de nações ou territórios. E clamou com grande voz, como quando ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes. *E, quando os sete trovões acabaram de emitir as suas vozes, eu ia escrever; mas ouvi uma voz do céu, que me dizia: Sela o que os sete trovões emitiram, e não o escrevas. Apocalipse 10:3,4
O RUGIDO DO LEÃO
É dito que esse anjo vai bradar como um leão quando ruge: "E clamou com grande voz, como quando ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes". O rugido do leão tem uma frequência que alcança vários quilômetros de distância. Isso significa que essa mensagem é a verdade que rugirá, que se mostrará para muitos povos e nações, além das fronteiras.
Cientistas descobriram que, ao contrário da maioria dos animais, o leão emite seu rugido em todas as direções, e, não, apenas em um determinado ângulo. O som propagado pelo animal abrange um perímetro circular, demarcando todo o seu território como se fosse uma bolha sonora.
Isso acontece porque o som não sai apenas por seu focinho, já que o leão utiliza seu corpo inteiro como se fosse uma grande caixa de ressonância. Como característica especial, esses felinos possuem uma laringe móvel, capaz de alongar-se e retrair-se, e, assim, conseguem emitir sons extremamente altos e graves ao mesmo tempo. Humanos podem ouvir o rugido de um leão a uma distância de até 8 quilômetros, e, se alguém achar que isso é demais, saiba que leões podem ouvir os rugidos de seus pares (outros leões) a uma lonjura que pode exceder 70 quilômetros!
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OS SETE TROVÕES E O NÚMERO SETE
Houve, então, "sete trovões" que ecoaram suas vozes, ou seja, que ajudaram a ampliar mais ainda o rugido do leão: "os sete trovões emitiram as suas vozes.". O número sete sempre representou, na bíblia, plenitude e completude de uma obra, ou seja, começo, meio e fim. Deus fez a terra em sete dias, o que significa que houve começo, meio e fim, uma obra completa e acabada, à qual não se acrescenta mais nada.
Primeiramente, temos de saber que o uso do número sete na bíblia, em grande parte dos textos, simbolizava, nas épocas em que foram escritos, a plenitude ou a perfeição de algo ou alguém. Por exemplo, logo na criação, observamos que Deus a concluiu (criação e dia de descanso) em sete dias, conforme Gênesis 2:2: "E, havendo Deus terminado, no dia sétimo, a Sua obra que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito". Temos aqui um uso claro do número sete para demonstrar a perfeição. Deus usou esse número simbólico para demonstrar isso, já que ele, como Deus Onipotente, poderia ter criado o mundo em um dia só se quisesse. Temos aqui uma evidência explícita do simbolismo do número sete.
Uma prova da completude da criação está em que não conseguimos criar nada, apenas podemos trans- formar algo já existente. Por exemplo, converter matéria em energia, mas, a criação, de fato, foi finalizada no sétimo dia. Um exemplo sobre o sentido do número sete pode ser visto nas cartas para as sete igrejas do livro de Apocalipse, as quais tipificam a história da igreja, contendo seus períodos, com começo, meio e fim. Lem- bremos que, após a volta de Jesus, não haverá mais igreja, posto que ela já terá cumprido seu propósito de pregar o evangelho a todas as nações, dando testemunho da verdade.
O número sete sempre representou completude, apontando que essas sete vozes que estrondeiam jun- tamente com o rugido do leão estão relacionadas com o evangelho da verdade e com a justiça. Mas, quando João foi escrever o que esses trovões disseram, o anjo orientou-o a guardar segredo: "eu ia escrever, mas, ouvi uma voz do céu, que me dizia: Sela o que os sete trovões emitiram, e não o escrevas.". Vemos que é algo reservado somente aos verdadeiros adoradores.
Apocalipse 10:5,6
E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu,
E jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele ha, que não haveria mais demora;
Agora, vem algo importante e fundamental para nos localizarmos na profecia: o estudo correto e con- sistente das escrituras deve ser feito mediante múltiplas comparações, envolvendo coisas espirituais, para que se chegue às causas. Busquemos referências para situarmos a profecia na história. Vamos para o livro de Daniel, capítulo 12, que nos dará uma sinalização sólida sobre esse juramento do anjo, e sobre o período e o povo a que se refere.
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E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo. todas estas coisas serão cumpridas. Daniel 12:7
O juramento do anjo e o monoteísmo bíblico Novamente, temos aqui um anjo, que coloca um pé em cada lado e faz um juramento por "Aquele que vive eternamente". Percebe-se um monoteísmo bíblico, pois, não vemos uma trindade, mas um Deus único que criou os céus e a terra. É a maior revelação, a mais importante revelação do povo de Deus, o monoteísmo bíblico. É o Criador um Deus múltiplo? No livro de Deuteronômio, capítulo 6, verso 4, é declarada, de modo peremptório, a existência de um único Deus.
A tradução correta para Espírito Santo é Espírito do Santo, tanto no grego quanto no hebraico. O Espírito de Deus é o próprio Deus, é o poder de Deus. Vemos isso de modo patente no livro de Mateus, capítulo 10, verso 20: "Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.". O Espírito do Pai é o próprio Espírito de Deus, porque Deus é Espírito e, não, uma terceira pessoa.
Uma pessoa verdadeira, fiel, que teve um novo nascimento por meio do Espírito Santo, está preenchida do Espírito de Deus em certo grau. O Senhor Jesus, como Filho de Deus, estava preenchido sem medidas, conforme o livro de João, capítulo 3, verso 34: "Pois, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Ele dá o Espírito sem limitações.".
Jesus estava (e está) totalmente preenchido com o Espírito do Pai. Os profetas também tinham o Espírito do Pai, mas, em certo grau. Os profetas falavam movidos pelo Espírito Santo, não impelidos por uma terceira pessoa. O Espírito de Deus é o próprio Deus. Os apóstolos e os profetas Elias e Eliseu também ressuscitaram pessoas. Todos foram ressuscitados por meio do Espírito do Pai, não, de uma terceira pessoa autônoma.
É importante que isso fique claro, pois, é um dos grandes enganos do sistema religioso. Deus é o único que tem vida não derivada, ou seja, de eternidade passada a eternidade futura. Deus, e somente Ele, tem a imortalidade e a vida, em Si mesmo, não proveniente de outra fonte. Podemos ver isso em:
Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém. 1 Timóteo 6:16
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João 5:26 Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo;
"A MENSAGEM QUE RUGE COMO UM LEÃO"
Vamos a uma questão preeminente: A voz como rugido de leão é a mensagem do povo de Deus, dos remanescentes de Deus que estavam ocultos na idade média. Por que a livro do Apocalipse capítulo 10 está revelando o povo verdadeiro, o remanescente que estava falando a verdade, rugindo como um leão? Por causa do livro de Daniel capítulo 12, no qual vemos, transparentemente, que o anjo "jurou por Aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo". Ou seja, por 1.260 anos.
Quando o poder do povo santo diminuiu, começou um período de grande perseguição contra os verdadeiros adoradores. Na idade média, achamos os exemplos dos Valdenses, dos Cátaros, dos Bogomilos e outros povos, que eram protestantes e estudavam a bíblia, fugindo do poder papal.
Os Valdenses: também chamados de valdensianos, originaram-se entre os seguidores de Pedro Valdo, por volta de 1173, em Lyon, na França. Caracterizavam-se por fazer votos de pobreza e de desapego às coisas materiais.
O Catarismo: foi um movimento cristão na Europa Ocidental, entre os anos de 1100 e 1200, estreitamente ligado aos Bogomilos da Trácia. O movimento foi tão forte no sul da Europa e na Europa Ocidental que a igreja católica romana passou a considerá-lo uma séria ameaça à religião ortodoxa. Os Cátaros também são conhecidos como Albigenses, em referência à cidade francesa de Albi, um dos principais centros de difusão do catarismo.
O Bogomilismo: difundiu-se na região dos Bálcas até a fronteira com Bizâncio, sendo fortemente perseguido pelos soberanos búlgaros e pelos imperadores bizantinos. Os Bogomilos espalharam-se por toda a Europa Central e Ocidental, onde foram alvo de repressão das autoridades católicas.
O poder papal arrecadava todo o dinheiro do Império Romano. O papa conseguiu grande riqueza e territórios na Europa para sua igreja por meio de uma falsa carta supostamente escrita por Constantino I, no século IV, porém, usada efetivamente somente no século VIII. Essa carta entrega todo o Império Romano Ocidental à mão do papa. A descoberta de que esse documento era falso demorou um século e não mudou nada, pois, a igreja católica já havia incorporado bens e territórios europeus. O Edito é conhecido como Doação de Constantino.
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"Apesar de ter sua falsidade comprovada por Lorenzo Valla, o texto da Doação de Constantino é um importante aliado no estudo das complexas relações existentes entre o império e a igreja. É interessante percebermos que, mesmo falso, o documento teve éxito ao salvaguardar interesses da igreja. A partir disso, cabe salientar que esse Edito, serviu muito mais para responder a problemas do século VIII do que propriamente às questões do século IV. Dessa forma, buscaremos analisar o documento tendo em mente a disputa pelo poder entre império e igreja, que culminou na produção da Doação de Constantino.".
Jéssica Kammler, As relações de poder entre a igreja romana e o império carolíngio: A doação de Constantino, pag, 20
"VESTIDO DE UMA NUVEM"
A expressão envolta em uma nuvem significa que foi um evento silencioso, que não apareceu nem foi divulgado amplamente nos livros. Esse primeiro povo, que brada como um leão que ruge, é o verdadeiro povo de Deus. A História registra que os reformadores protestantes foram inspirados pelos povos remanescentes do deserto e das montanhas, como os Valdenses, os Bogomilos, os Cátaros e outros. Esses crentes viviam no deserto e em outros lugares ermos, para fugirem das garras do império da besta e formam o povo que rugiu como um leão e sua voz foi ouvida. Então, a voz dos sete trovões reverberou e alcançou várias pessoas. O núcleo da manifestação, que deu subsídio aos protestantes contra a igreja católica e contra o papa, foi esse povo escondido, como os Valdenses de Pedro Valdo. É interessante reportar que Pedro Valdo, proveniente de uma cidade francesa chamada Lyon (em português, leão), estruturou o maior movimento de apoio aos irmãos que moravam nas montanhas.
"Os valdenses surgiram a partir das pregações realizadas por Pedro Valdo, na segunda metade do século XII. Pedro Valdo era um rico comerciante da região de Lyon, França, que, segundo os relatos, se comoveu profundamente ao realizar a leitura do texto bíblico e optou por seguir a vida religiosa. A partir disso, Pedro Valdo deixou parte de seus bens com a esposa e filhas e doou o restante das suas posses para os pobres, por volta de 1176. Com isso, ele abandonou a vida de comerciante, adotou o voto de pobreza e passou a realizar pregações em Lyon. Essas pregações converteram numerosas pessoas, que passaram a segui-lo e a praticar o voto de pobreza.
Os valdenses ganharam a atenção da igreja católica desde o momento em que começaram a realizar suas pregações em língua vernácula (língua comum), utilizando-se da bíblia que Valdo havia mandado traduzir para o provençal (idioma local). Além disso, as críticas que eles faziam à autoridade da igreja também chamavam a atenção das autoridades eclesiásticas. Por causa disso, os valdenses foram proibidas de realizar suas pregações pelo Arcebispo de Lyon, Guichard de Pontigny.".
Pedro Valdo, considerado herege pela igreja católica, teve muitos seguidores e, também, encontrou-se com o povo das montanhas, os Valdois. Não se sabe se o sobrenome de Pedro era Valdo ou se recebeu esse nome em decorrência de sua união com os Valdois. Ele foi um adorador que rugiu como um leão na idade escura, no período dos 1260 anos de perseguição.
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REFORMA PROTESTANTE
A Reforma Protestante foi relevante, teve seus méritos, mas é deficiente, posto que sua ação reforma- dora foi incompleta. Imaginemos que alguém ganha uma casa caindo aos pedaços, com vários problemas estruturais. Essa era a igreja católica no período reformista, a qual estava vendendo indulgências e perdoando pecados em troca de dinheiro. Era uma tragédia. Os reformistas pleiteavam voltar para as escrituras, seguir apenas a bíblia, mas, infelizmente, acabaram cedendo em pontos essenciais.
Hoje, o Brasil tem mais de 50 milhões de evangélicos protestantes e vejam a situação que se nos depara. Cada denominação protestante impõe sua verdade. Mas, como assim? Quantas verdades temos hoje? Infelizmente, os protestantes cederam em pontos inegociáveis, como a questão da trindade, guarda do domingo ao invés do sábado, heliocentrismo, morar no céu, inferno já inaugurado e imortalidade da alma dos conde nados. Vários pontos cruciais e fundamentais para a salvação foram totalmente deturpados. Eles acabaram mantendo o que a igreja católica pregava, uma profusão de heresias. Inclusive, o papa reconhece as igrejas protestantes como irmãs.
Há relatos interessantes sobre Lutero e um amigo influenciador chamado Andreas Rudolf Bodenstein von Carlstadt, ou apenas Carlstadt, conhecido também como "Apóstolo do Sábado". Esse nasceu em Carlstadt, Bavária, em 1480 e morreu em Basel, Suíça, no dia 25 de dezembro de 1541. Carlstadt cra amigo pessoal e colega de trabalho de Martinho Lutero, mas, seu opositor na questão do sábado, Carlstadt guardava o sábado e ensinava a sua observância. O curioso é que o próprio Lutero afirmava que Carlstadt "era mais entendido do que ele em teologia.
Carlstadt dizia que a reforma que Lutero propunha só seria legítima sc fosse restaurada a guarda do sábado, o verdadeiro repouso, o sétimo dia. Lutero não lhe deu ouvidos, pois, estava interessado mais na questão política da Reforma Protestante". A História de Fifield; livro de referência dez, página 315. Isso acabou custando ao movimento de reforma uma reação da igreja católica, denominada Contrarreforma.
No Concílio de Trento (realizado no Noroeste da Itália e que durou de 1545 a 1563 a.D.), o catolicismo estava decidindo se aceitava as alegações de Lutero e dos demais protestantes, se eram legítimas, e se ela, a igreja romana, deveria submeter-se à tal reforma. O Arcebispo de Reggio virou o Concilio contra a Reforma com o seguinte argumento:
"Os Protestantes alegam que se baseiam apenas na palavra escrita, professando ter como padrão de fé apenas as escrituras. Eles justificam sua revolta com a petição de que a igreja se tornou apóstata da palavra escrita e segue tradições. Só que a alegação protestante de que tomam por base somente a palavra escrita, não é verdadeira". O Arcebispo continuou: "A profissão deles de se aterem às escrituras somente como base de fé é falsa. A prova: A palavra escrita determina de forma explícita a observância do sábado. Eles não observam [...]
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[...] o sábado, mas, o rejeitam. Se eles realmente se ativessem somente às escrituras como padrão, estariam observando o sábado conforme é determinado ao longo das escrituras. Porém, eles não só rejeitam a observância do sábado como determinado pela palavra escrita, mas, também, adotaram, e praticam a observância do domingo, para o qual eles têm apenas a tradição da igreja (Católica).".
O Arcebispo disse ainda: "Consequentemente, a alegação de que as escrituras sozinhas são o padrão é falha e a doutrina de que as escrituras e a tradição são essenciais é estabelecida de forma plena, sendo os juízes disso os próprios protestantes".
"Trechos retirados de A "quase" vitória protestante sobre Roma; por Frank M. Walker, traduzido e adaptado por Sha'ul Bentsion.
Ao dizer isso, o Arcebispo de Reggio conseguiu convencer a maioria dos bispos a votarem contra a Reforma Protestante, surgindo um movimento de contrarreforma. Então, a reforma protestante mostrou-se ilegítima porque o aceitou apenas parte da verdade, e isso originou o movimento de contrarreforma. Os reformistas diziam que "somente a bíblia e a bíblia somente". Mas, no tocante às questões da trindade e do sábado, rejeitaram as escrituras. Isso foi um grande problema e contribuiu para que a reforma ficasse incompleta.
Continuando, é dito que esse "leão que rugiu" terá sua voz reverberada por "sete trovões", mas, não será anotado o que esses sete trovões falaram, ficando em segredo. Pois, João não foi autorizado a escrever: "mas, ouvi uma voz do céu, que me dizia: Sela o que os sete trovões emitiram, e não o escrevas.". Os sete trovōcs foram a Reforma. Mas, seu conteúdo não poderia ser escrito porque nele não constava a perfeita vontade de Deus.
Indiscutivelmente, a reforma teve sua importância, mas, seu conteúdo não poderia ser aberto, porque isso causaria confusão. Cabe lembrar que os reformadores foram inspirados pelo povo verdadeiro de Deus, esse que "ruge como leão", formado por nossos irmãos que se escondiam nas montanhas e que estavam dando sua vida por amor da verdade. Por isso, acabaram inspirando muitos dos reformadores e daqueles que se levantaram na alta idade média contra o poder da igreja católica.
Apocalipse 10:7 Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos.
Temos também algo muito interessante: um segredo, que pertence aos integrantes do povo de Deus e caracteriza o verdadeiro evangelho que era pregado por eles naquela época. Aqui há uma coisa maravilhosa, de expressiva relevância, que mostrará a mensagem do verdadeiro povo de Deus. Pois, na voz do sétimo anjo, está dito que se cumpre o segredo de Deus. Na alta idade média, somente o povo de Deus, os verdadeiros adoradores, os remanescentes, tinham essa mensagem e, não, os protestantes.
É sabido que esses detinham algumas verdades, que ajudaram a quebrar o poder da igreja romana, porém, não tinham as verdades principais, os segredos de Deus que haviam sido revelados ao Seu verdadeiro povo. Diz-se, ainda, que esse segredo está revelado na "voz do sétimo anjo" e é o mesmo que o Altíssimo Deus anunciou aos Seus servos, os profetas:
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É passado o segundo ai; eis que o terceiro “AI” cedo virá. E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre. Apocalipse 11:14,15
O sétimo anjo, ao tocar a trombeta, anuncia que: "Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Messias, e Ele reinará para todo o sempre.". A mensagem da igreja verdadeira, daquela época até hoje, é que o Reino de Deus será estabelecido na terra, que as nações e os governos do mundo serão entregues a Deus e ao Seu Messias, que reinará sobre a terra. Ou seja, trata-se da mensagem do milênio, do reino sobre a terra, sendo que, naquela época da reforma, todos os reformistas pregavam que os salvos iriam morar no céu. Os protestantes pregavam exatamente o mesmo que a igreja católica. Não tinham nenhuma noção do reino na terra. Quem pregava a mensagem do milênio na terra, do reino de Deus na terra, era a igreja que veio do deserto e tinha o testemunho de Jesus. Então, é assim que se cumpre o segredo de Deus, que Ele próprio reservou a Seus servos e profetas.
Apocalipse 10:8
E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra.
"Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo"
O "livrinho", que está aberto na mão do anjo, é o próprio livro de Apocalipse, a revelação, que é o testemunho de Jesus (característica do povo de Deus). Em Apocalipse capítulo 5, vemos que o Senhor Jesus é o único digno de abrir os selos: "E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos."
O Apocalipse é o livrinho aberto, porque ele é um livro junto aos demais que integram a bíblia. Nele está contida toda a mensagem de profecias para a igreja, para o povo de Deus. Podemos notar que o livro de Daniel, por exemplo, era um livro selado e somente foi aberto em um determinado tempo. Como seu primeiro capítulo esclarece, o livro de Apocalipse já veio aberto, sem selo, para o povo de Deus. Porque, durante todas as cras, o povo de Deus se pautaria no conhecimento profético e no testemunho de Jesus, que é o livro de Apocalipse.
O testemunho de Jesus, espírito de profecia, é o próprio livro de Apocalipse, que não foi escrito por um profeta ou profetisa (no século XIX, surgiu uma profetisa que escreveu vários livros). Existe uma denominação religiosa que considera os livros de uma profetisa como testemunho de Jesus ou Espírito de profecia, mas, isso é improcedente. João, em Apocalipse capítulo 1, já estava na Ilha de Patmos, por causa do testemunho de Jesus, ou seja, o próprio livro de Apocalipse é o testemunho de Jesus. O livro de Apocalipse fecha o Cânone. Hoje, temos pastores que se denominam apóstolos, e pregadoras chamadas de apóstolas, sendo que [...]
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[...] esse nome não se aplica mais a ninguém. O último apóstolo foi justamente João, que escreveu o livro de Apocalipse, exatamente, a última profecia e o fechamento do Cânone. Por isso, o que vem depois é falso e sem nenhum valor. Toda a revelação necessária para salvação está contida na bíblia e qualquer acréscimo posterior é maldito, como Paulo fala na carta aos Gálatas:
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Gálatas 1:8
Apocalipse 10:9-11
9 E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel.
10 E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.
11 E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis.
O evangelho genuíno, completo e suficiente está contido no cânone da bíblia. Por isso, não há mais revelação, profetas, livros, visões que tragam aportes de doutrina. Ademais, nenhum livro externo deve ser aceito em pé de igualdade com as escrituras. Temos de guiar-nos exclusivamente pela bíblia. O livrinho aberto é o livro de Apocalipse.
Ele fará amargo o teu ventre, mas, na tua boca, será doce como mel Para entendermos que a palavra de Deus é "doce como mel" está no livro dos Salmos: Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca. Salmos 119:103
É muito bom quando se expressa a palavra de Deus. Isso alegra, dá vontade de continuar falando sem parar, porque é coisa maravilhosa pregar a palavra de Deus com verdade, pautando-se apenas por ela, sem distorções. Isso é doce como mel, mas, amargo como fel. Geralmente, uma pessoa quando depara com esse tema principalmente pela visão que temos do livro de Apocalipse e não está de coração limpo para receber esse entendimento, sai chateada, xingando, acusando, vindo, então, a amargura.
Às vezes, dentro da própria família, há um cônjuge que não concorda com a verdade ou um parente que já não quer falar com o pregador, tratando-a como louco. Essas coisas acontecem, vindo a amargar, a trazer um dissabor por causa da verdade.
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A palavra de Deus é o ouro provado no fogo, sabendo-se que esse fogo simboliza a amargura das provas pelas quais passamos por amor à verdade. Todos os que verdadeiramente querem servir ao Senhor Jesus padecerão perseguições, como vemos na segunda carta à Timóteo:
E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. 2 Timóteo 3:12
"Será doce como mel"
Comer o livrinho significa estudar, ler. O versículo 11 continua: "Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis.". Sabemos que a igreja ficou 1.260 dias/anos, vestida de saco com cinzas na cabeça, profetizando dentro do território do império da besta, isto é, a Europa, no período da idade média. Mas, com a reforma protestante e com a quebra do poder da igreja católica, a igreja passou a descobrir outros territórios. Por isso, o anjo estava com um dos pés na terra e outro, no mar. Isso porque haverá novos territórios, novas terras, novas nações, que surgiram e cresceram após o término dos 1.260 dias, ou "tempo, dois tempos e metade do tempo".
A igreja migrará no bojo do fenômeno da migração puritana da Europa, partindo, principalmente, da Inglaterra para os Estados Unidos e, posteriormente, para outros países das Américas. Junto com a migração puritana, vieram os protestantes. Os trovões representam justamente as atitudes da reforma pro- testante. Em seguida, per passaremos uma lista dos maiores reformadores, falando um pouco de cada um deles para conferirmos que sua mensagem e o legado que deixaram realmente repercutiram como um trovão que ribombou por toda a Europa e pelos novos continentes descobertos, cumprindo exatamente a profecia de Apocalipse 10.
A igreja migrou para a América, pois, teria de profetizar, ainda, para "muitos povos, e nações, e línguas e reinos", a saber, os Estados Unidos, Canadá, México, Brasil e outras nações para as quais o evangelho ainda será espalhado. Lembrando que a perseguição cruel contra a igreja de Deus, que durou 1.260 anos, não mais se repetirá. Agora, os remanescentes da igreja, simbolizados pela própria palavra Sardes, que significa "o que escapou ou o que era", prosseguirão na história.
O puritanismo: foi um movimento religioso muito influente na Inglaterra, tendo-se tornado, posteriormente, a principal tradição religiosa dos Estados Unidos da América. Enfatizou a pureza e a integridade do indivíduo, igreja e sociedade. Lutava pela purificação da igreja, descartando elementos arquitetônicos, litúrgicos e cerimoniais conflitantes com a simplicidade e a "pureza" bíblicas.
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Sardes: o significado desse nome é "o que escapou ou o que era". A condição espiritual deplorável dessa igreja serviu como marca para representar o período de tempo em que a igreja de Deus viveu condições semelhantes às que passaram a viver os protestantes da reforma, em um período que se estende de 1520 a.D. até o tempo do grande "renascimento", na Europa do século XVIII.
Reformadores Protestantes
Como trovões, a mensagem reverberada do rugido do leão influenciou todo o mundo.
William Tyndale: também chamado de Tindall ou Tyndall, nasceu em North Nibley, perto de Gloucester, Inglaterra em 1484 e morreu, em 6 de outubro de 1536, em Vilvoorde, Bélgica. Foi um padre protestante e acadêmico inglês, mestre em artes na Universidade de Oxford. Traduziu a bíblia para uma versão inicial do moderno inglês. Seu objetivo era fazer da aliança renovada um livro tal que "todo menino de arado" pudesse lê-lo e se tornasse mais conhecedor das escrituras que o próprio clero. Apesar de numerosas traduções para inglês, parciais ou completas, terem sido feitas a partir do século VII, a bíblia de Tyndale foi a primeira a beneficiar-se da imprensa, o que lhe permitiu uma ampla distribuição.
William Tyndale foi muito importante pelo seu trabalho de traduzir a bíblia para o inglês. O fato de ter traduzido o livro de João capítulo 1 dentro da exegese correta do grego custou-lhe a vida. Essa foi uma das traduções usadas pelos agentes de Henrique VIII para levar Tyndale à fogueira. Ele traduziu "word" por "palavra" e, não, por pessoa. Vejamos a tradução de Tyndale;

Vejam o versículo 3, que contém algo muito importante: "All things were made by it,". Aqui, Tyndale traduziu por "it" e, não, "him". Se fosse referência a Jesus, que é uma pessoa, teria de ser "him" (para pessoa, usa-se him, que significa ele). Porém, o vocábulo it significa coisa, alguma coisa que não seja pessoa, usado [...]
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[...] apenas para objetos inanimados. Aqui, fica bem claro que “it” se refere à palavra, ao verbo, e não a uma pessoa, no caso, Jesus.
"Nas gramáticas da língua inglesa, quando o "it" deve aparecer, mesmo não significando nada, é chamado de "dummy it" (it bobo)".
Cambridge Grammar of English, pig, 495
Visto que deve haver um sujeito, os dummy subjects precisam ser usados. Dummy subjects, sendo apenas it ou there, são sujeitos que não possuem nenhum conteúdo semântico, mas, simplesmente, preenchem o espaço no qual um sujeito é necessário. Ou seja, em inglês, as sentenças têm de ter um sujeito. Em inglês, quando o sujeito é impessoal ou inexistente, devemos usar o "it". Esse "it" não tem conteúdo semântico algum - isto é, ele não significa absolutamente nada, não se traduz para nada em português. [...] deixe-me dar um exemplo que muitos acham curioso. Imagine que uma amiga sua está grávida. Você quer saber o sexo do bebê.
Em português, a pergunta inevitável será: "é menino ou menina?". Note que a pergunta não tem sujeito. A palavra "é" está perdida no mundo sem companhia. Portanto, em inglês, a pergunta deverá ser "is it a boy or a girl?". O dummy it entra em ação, não para se referir ao bebê, mas, sim, para não deixar a sentença sem sujeito. O mesmo vale se perguntarmos "o que é?", que em inglês será "what is it?". Isso tem tudo a ver com o que falamos acima. Pode parecer estranho no começo, mas, a pessoa se acostuma, com certeza, ao uso do "it".
William Tyndale traduziu corretamente, porque é da palavra que o texto bíblico está falando. As coisas foram feitas pela palavra de Deus. Por meio da palavra, foram criadas todas as coisas. Para confirmar isso, na carta aos Hebreus está escrito:
Hebreus 11:3
Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.
A bíblia não se contradiz. Na carta de 2 Pedro vemos:
2 Pedro 3:5
Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste.
As autoridades da igreja romana deram ordem para confiscar e queimar todas as cópias da tradução de Tyndale, porém, eles não podiam parar o fluxo de entrada de bíblias vindas da Alemanha para a Inglaterra. Até mesmo na Escócia, os mercadores escoceses estavam levando a bíblia para o seu povo. O próprio William não podia regressar à Inglaterra, visto que estava sendo buscado e tido como um "fora-da-lei". Seus escritos [...]
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[...] e tradução haviam sido legalmente proibidos. Contudo, ele continuou suas revisões e correções até que, em 1535, sua edição final da aliança renovada foi concluída. Com essa conclusão, Tyndale iniciou a tradução da primeira aliança, porém, não viveu bastante a ponto de terminá-la. Ele traduziu o pentateuco, o livro de Jonas e alguns livros históricos.
Em maio de 1535, Tyndale foi preso e levado a um castelo perto de Bruxelas, onde ficou aprisionado por mais de um ano. Durante esse tempo, um de seus companheiros, Miles Coverdale, concluiu a tradução da primeira aliança, tomando como base o material de Tyndale. Finalmente, chegou o dia do julgamento de William Tyndale, no qual ele foi condenado à morte por haver colocado as escrituras na mão do povo inglês.
Tyndale acabou sendo morto pela igreja católica por ter ousado traduzir a bíblia em inglês, com o agravante de ter traduzido João 1, colocando o verbo, a palavra, como palavra mesmo e, não, como uma pessoa. Ele foi o precursor da bíblia King James, que se espalharia pelo mundo inteiro. Tyndale é um dos exemplos de como esses trovões, que são a mensagem reverberada do rugido do leão, a saber, do povo de Deus, mexeram com todo o mundo, influenciando toda a humanidade.
A oração de William Tyndale foi ouvida e a Rainha Elizabeth aceitou que muitos irmãos da igreja de Deus se disseminassem por toda Inglaterra. O fato de Tyndale ter traduzido a bíblia para a língua comum inglesa proporcionou que a bíblia — após a descoberta da prensa por Gutenberg, por volta de 1450 - se difundisse por toda a Europa.
Miguel Serve
Miguel Serve ou Miguel Servet: em latim, Michaelis Servetus, nasceu em Villanueva de Sigena, Espanha, em 29 de Setembro de 1511 e morreu em Genebra, em 27 de outubro de 1553. Foi um teólogo, médico e filósofo aragonês, além de humanista, interessando-se por assuntos como astronomia, meteorologia, geografia, jurisprudência, matemática, anatomia, estudos bíblicos e medicina. Servet foi o primeiro europeu a descrever a circulação pulmonar.
Ele fora um apreciador da teologia, na qual, posteriormente, desenvolveu uma cristologia não trinitária. Condenado por católicos e protestantes, foi preso em Genebra e queimado na fogueira como herege por ordem do conselho de Genebra, sob influência de algumas cidades vizinhas, com maior destaque para Berna. Miguel fora denunciado por João Calvino, mas, esse não participou da aplicação direta de sua pena, a qual era uma escolha exclusiva do conselho da cidade, embora Calvino tivesse sugerido uma punição mais branda.
"Durante toda a sua vida, Servet escreveu sobre questões religiosas e dedicou-se à exegese da bíblia. Pregava a volta a um cristianismo "puro", tal como fora ensinado por Jesus. Um dos dogmas da igreja por ele contestado, e que o fez cair em desgraça, foi o da chamada "santíssima trindade". Suas ideias e seus escritos desagradaram tanto aos católicos como aos protestantes.".
Resende, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina, pag. 251, 252
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A História diz que Miguel Serve, também conhecido como Miguel Servet, foi queimado três vezes. Logicamente, é uma maneira simbólica de falar. Vamos entender isso com fatos históricos:
01-Condenado pela inquisição, fugiu de Vienne, Lyon, pelo que a população resolveu queimar a sua efigie ao lado de livros em branco.
02 - Servet decidiu parar em Genebra, provavelmente para ouvir Calvino, tendo sido reconhecido, acusado e sentenciado à fogueira. Foi executado, em 27 de outubro de 1553, com uma cópia do livro amarrada ao braço.
03 - Em 1942, sim, 389 anos depois, o governo colaboracionista francês considerou que a escultura de Servet, em Annemasse, era um monumento ao pensamento livre, pelo que a estátua foi removida e derretida no fago. Veio a ser restaurada em 1960, época mais tolerante. Já falamos que a reforma protestante foi incompleta porque subsistiram os principais erros do catolicismo e os verdadeiros protestantes foram perseguidos e mortos.
Quem queria a reforma completa acabou sendo queimado vivo, mas, os adeptos de uma reforma parcial não tinham problemas, pois, faziam um meio termo, reformando o que não comprometeria muito a igreja católica. Aqueles que atacavam as doutrinas satânicas eram perseguidos e mortos pela própria igreja católica com o apoio dos reformadores.
Miguel Servet fez todo um tratado teológico do messias homem, filho de Deus. No momento que estava sendo levado para o madeiro, foi ordenado que pusessem madeira verde para queimar mais lentamente e sua morte fosse mais demorada e cruelmente sofrida. Miguel conseguiu escapar da mão do papa, mas, foi identificado por João Calvino, que era seu desafeto. A desavença nasceu depois que Servet desconstruiu com argumentos todo um artigo sobre trindade que Calvino tinha escrito. Servet mostrou que a trindade era uma doutrina antibíblica e, por isso, passou a ser odiado por Calvino, a ponto de esse denunciar Servet ao conselho da cidade de Genebra.
Sob forte pressão de católicos e protestantes, Servet escreveu um segundo livro, Diálogos (1532), no qual rejeita o conceito da trindade e tenta explicar seu ponto de vista teológico. Ele, no entanto, foi acusado de heresia por causa de sua insistência em negar o dogma da trindade.
Calvino demonstrou suas opiniões sobre Servet, quando escreveu ao seu amigo Farel, em 13 de fevereiro de 1546: "Servet acaba de enviar-me um volume considerável dos seus delírios. Se ele vir aqui (...), se minha autoridade valer algo, eu nunca lhe permitiria sair vivo ("Si venerit, modo valeat mea autoritas, patiar nunquam vivum exire")". Will Durant, The Story of Civilization The Reformation, Chapter XXI [...]
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Em 27 de outubro de 1553, a pena de Servet foi aplicada, nos arredores de Genebra, com o que se acreditava ser a última cópia de seu livro acorrentado em sua perna (alguns textos afirmam ter sido no braço). Após o ocorrido, Calvino escreveu:
"Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois, nos tornamos cúmplices de seus crimes (...). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (...). Portanto, se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória".
Marshall, John Locke, Toleration and Early Enlightenment Culture, Cambridge University Press, p. 325 Nos momentos anteriores à sua morte, antes de pôr fogo no madeiro, os inquisidores de Servet insta- ram-no a confessar que Jesus é o filho eterno do Pai, que Jesus é o eterno filho. Se Servet confessasse que Jesus é o eterno filho, seria liberado da condenação. Mas, Miguel diz "como posso, cu confesso que Jesus é o filho do eterno Deus". Ele apenas confessou o que está na bíblia, o filho do eterno Deus e não filho eterno de Deus. Nada adiantou e Servet foi queimado vivo.
John Wycliffe
John Wycliffe (1328-1384): foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. Trabalhou na primeira tradução da bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe. Na Universidade, aplicou-se nos estudos de teologia, filosofia e legislação canônica.
Tornou-se sacerdote e, depois, ser- viu como professor no Balliol College, ainda em Oxford. Por volta de 1365, tornou- se bacharel em teologia e, em 1372, doutor em teologia. Como teólogo, logo se destacou pela firme defesa dos interesses nacionais contra as demandas do papado, ganhando reputação de patriota e reformista. Wycliffe afirmava que havia um grande contraste entre o que a igreja era e o que deveria ser, razão pela qual defendia reformas. Suas ideias apontaram a incompatibilidade entre várias normas do clero e os ensinos de Jesus e Seus apóstolos.
A influência dos escritos de Wycliffe foi muito grande em outros movimentos reformistas, em particular sobre o da Boemia, liderado por Jan Huss e Jerônimo de Praga. Para frear tais movimentos, a igreja convocou o Concílio de Constança (1414-1418). Um decreto desse Concilio (expedido em 4 de maio de 1415) declarou Wycliffe como herético, recomendou que todos os seus escritos fossem queimados e ordenou que seus restos mortais fossem exumados e queimados, o que foi cumprido 12 anos mais tarde pelo papa Martinho V. Suas cinzas foram jogadas no rio Swift, que banha Lutterworth.
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Início do Evangelho de João, em uma cópia da tradução para o inglés da Bíblia de Wycliffe
Jan Huss
Jan Hus ou Jan Huss: nasceu em Husinec (75 km de Praga), possivelmente em 6 de julho de 1369, como acreditam, tendo cido queimado vivo em Constança, em 6 de julho de 1115. Foi um pencador e refor mador religioso, que iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe.
Seus seguidores ficam conhecidos como os Hussitas. Ele foi queimado vivo e morreu cantando o cântico de Davi: "Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim". Um precursor do movimento protestante, sua extensa obra escrita conce- deu-lhe um importante papel na História literária checa. Também foi responsável pela introdução do uso de acentos na língua checa de modo a fazer corresponder cada som a um símbolo único.
Atualmente, sua estátua pode ser encontrada na praça central de Praga, a praça da Cidade Velha Pregar a glória divina como sendo predeterminada por Deus e rechaçar a dedução do poder terreno da igreja era uma heresia no século XV, podendo ser punida com a morte. O reformador Jan Hus atacava, assim, a essência do cristianismo medieval. Ele pregava o ideal da pobreza e condenava o patrimônio terreno dos príncipes da igreja; defendia a autoridade da consciência e tentava aproximar a igreja do povo, pelas pregações.
Suas pregações eram feitas na língua checa e, não, em latim, como determinava a igreja oficial na época. Jan Hus reconhecia somente a autoridade da bíblia nas questões da fé. Por isso, repudiava os tribunais da inquisição e os juízes terrenos. Aos olhos da igreja de então, um verdadeiro herege que suscitava a cólera e o ódio das autoridades eclesiásticas.
As consequências vieram logo. Em 1414, Hus foi convocado a apresentar-se ao Concilio de Constança e a negar sua doutrina. O reformador negou-se a cumprir a exigência. No dia 6 de julho de 1415, Hus foi morto na fogueira. Não foi atingido, porém, o propósito da inquisição de liquidar o movimento protestante de Hus, por meio da morte do seu líder. As revoltas esparsas transformaram-se numa rebelião geral dos protestantes da Boemia, que durou 20 anos. O movimento foi aniquilado somente em 1434, em decorrência de traições e intrigas nas próprias fileiras.
Martinho Lutero
Em alemão, Martin Luther (nascido em 10 de novembro de 1483 e falecido em 18 de fevereiro de 1546), foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico, que se tornou uma das figuras centrais da reforma protestante. Levantou-se veementemente contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências.
Essa discordância inicial resultou na publicação, em 1517, de suas famosas 95 Teses. Em um contexto de conflito aberto contra Johann Tetzel, o vendedor de indulgências. Sua recusa em retratar-se de seus escritos, a pedido do papa Leão X, em 1520, e do Imperador Carlos V, na Dieta de Worma em 1521, resultou em sua excomunhão da igreja romana e em sua condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico.
Como propõe seu biógrafo, Eric Metaxas, Lutero estabeleceu as bases para a separação entre a igreja e o Estado, conforme cita: "Foi ali, perante o sacro imperador romano Carlos V e um impressionante conjunto de nobres germânicos e, talvez mais importante, perante o representante papal, Thomas Cajetan - que Lutero tomou sua implacável posição e fez a declaração pela qual ele imediatamente saltou do cosmos medieval para dentro do moderno. Deixando claro que temia o julgamento de Deus mais do que o das figuras poderosas naquela sala, ele eletrificou o mundo.
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Como alguém, quanto menos um simples monge, se atrevia a implicar que pudesse haver qualquer diferença entre eles? Desde tempos imemoriais, aqueles homens falavam por Deus e pelo Estado. Mas, Lutero desafiou-as humilde, mas assertivamente, em um momento divisor de águas na História do mundo".
Eric Metaxas (2017). Martin Luther "Na idade média, a palavra reformatio estava na boca de todos, assim como ocorre hoje com a palavra democracia. E caracterizava-se pela mesma multiplicidade de significados"; diz a holandês Heiko Oberman, um dos grandes estudiosos da reforma, no livro Luther: Man Between God and the Devil ("Lutero: o homem entre Deus e o Diabo").
Martinho Lutero, professor de teologia moral da Universidade de Vitemberga e pregador na cidade, escreveu as 95 Teses contra a prática contemporânea da igreja com respeito às indulgências. Na igreja Católica, à época, praticamente a única igreja cristã na Europa, as indulgências faziam parte do que era chamado de economia da salvação. Nesse sistema, quando os cristãos pecam e confessam, eles são perdoados e não mais recebem uma punição eterna no inferno, mas, podem ainda ser passíveis de castigo temporal.
Tal punição poderia ser quitada pelo penitente com a realização de obras de misericórdia. Se essa punição temporal não for quitada durante a vida, ela precisaria ser remitida no purgatório. Com uma indulgência — que pode ser traduzida como "bondade" - essa punição temporal poderia ser diminuída. Com o abuso do sistema de indulgências, o clero se beneficiava com a venda dessas e o papa dava sanção oficial em troca de uma taxa.
A morte desses mártires da reforma protestante e o protesto sobre o poder papal por toda a Europa estavam quebrando o poder da igreja católica, culminando na morte do papa por Napoleão Bonaparte, no final do século XVIII, na França. Nesse momento, há uma separação entre o Estado laico e a religião. Vamos entrar definitivamente no Sacro Império Romano.
Primeira página da impressão, feita em 1517, das Teses, distribuida na Basileia no formato de panfleto