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A Epístola de Tiago é um dos livros do Novo Testamento atribuídos a Tiago, o irmão de Jesus. Foi provavelmente escrita entre 45 e 49 d.C., tornando-a uma das primeiras obras cristãs conhecidas.
Dirigida às "doze tribos da Dispersão", ou seja, aos Israelitas cristãos em um total aproximado de 144 mil que foram espalhados pelo mundo, a carta tem um caráter prático e pastoral. Tiago enfatiza a importância da fé viva e da prática da justiça social e moral.
Ele adverte contra a parcialidade, a língua maldosa e a hipocrisia, exortando os crentes a demonstrarem sua fé através de obras de amor e serviço aos necessitados. Tiago também ensina sobre o poder da oração, a resistência à tentação e a importância da humildade diante de Deus.
A carta de Tiago aborda temas como a relação entre fé e obras, a sabedoria divina versus a sabedoria terrena, a riqueza e a pobreza, e a necessidade de paciência e perseverança em meio às tribulações.
Em resumo, a Epístola de Tiago é uma chamada à prática autêntica da fé cristã, caracterizada pelo amor, pela justiça e pela obediência à Palavra de Deus, enquanto os crentes enfrentam os desafios e tentações da vida diária.
1 - Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos da dispersão, saúde!
2 - Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações,
3 - sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência.
4 - Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma.
5 - Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus - que a todos dá liberalmente, com simplicidade e sem recriminação - e ser-lhe-á dada.
6 - Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro.
7 - Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor,
8 - pois é um homem irresoluto, inconstante em todo o seu proceder.
9 - Mas que os irmãos humildes se gloriem de sua elevação;
10 - os ricos, pelo contrário, de sua humilhação, porque passarão como a flor dos campos.
11 - Desponta o sol com ardor, seca a erva, cai sua flor e perde a beleza do seu aspecto. Assim murcha também o rico em suas empresas.
12 - Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam.
13 - Ninguém, quando for tentado, diga: É Deus quem me tenta. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém.
14 - Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia.
15 - A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.
16 - Não vos iludais, pois, irmãos meus muito amados.
17 - Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade.
18 - Por sua vontade é que nos gerou pela palavra da verdade, a fim de que sejamos como que as primícias das suas criaturas.
19 - Já o sabeis, meus diletíssimos irmãos: todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar;
20 - porque a ira do homem não cumpre a justiça de Deus.
21 - Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia e recebei com mansidão a palavra em vós semeada, que pode salvar as vossas almas.
22 - Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos.
23 - Aquele que escuta a palavra sem a realizar assemelha-se a alguém que contempla num espelho a fisionomia que a natureza lhe deu:
24 - contempla-se e, mal sai dali, esquece-se de como era.
25 - Mas aquele que procura meditar com atenção a lei perfeita da liberdade e nela persevera - não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como cumpridor fiel do preceito -, este será feliz no seu proceder.
26 - Se alguém pensa ser piedoso, mas não refreia a sua língua e engana o seu coração, então é vã a sua religião.
27 - A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo.
1 - Meus irmãos, na vossa fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, guardai-vos de toda consideração de pessoas.
2 - Supondo que entre na vossa reunião um homem com anel de ouro e ricos trajes, e entre também um pobre com trajes gastos;
3 - se atenderdes ao que está magnificamente trajado, e lhe disserdes: Senta-te aqui, neste lugar de honra, e disserdes ao pobre: Fica ali de pé, ou: Senta-te aqui junto ao estrado dos meus pés,
4 - não é verdade que fazeis distinção entre vós, e que sois juízes de pensamentos iníquos?
5 - Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos que o amam?
6 - Mas vós desprezastes o pobre! Não são porventura os ricos os que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais?
7 - Não blasfemam eles o belo nome que trazeis?
8 - Se cumprirdes a lei régia da Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo {Lv 19,18}, sem dúvida fazeis bem.
9 - Mas se vos deixais levar por distinção de pessoas, cometeis uma falta e sereis condenados pela lei como transgressores.
10 - Pois quem guardar os preceitos da lei, mas faltar em um só ponto, tornar-se-á culpado de toda ela.
11 - Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, disse também: Não matarás {Ex 20,13s}. Se, pois, matares, embora não tenhas cometido adultério, tornas-te transgressor da lei.
12 - Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade.
13 - Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento.
14 - De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?
15 - Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano,
16 - e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?
17 - Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.
18 - Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 - Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios crêem e tremem.
20 - Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril?
21 - Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar?
22 - Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas.
23 - Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus {Gn 15,6}.
24 - Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus {Gn 15,6}.
25 - Do mesmo modo Raab, a meretriz, não foi ela justificada pelas obras, por ter recebido os mensageiros e os ter feito sair por outro caminho?
26 - Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta.
1 - Meus irmãos, não haja muitos entre vós a se arvorar em mestres; sabeis que seremos julgados mais severamente,
2 - porque todos nós caímos em muitos pontos. Se alguém não cair por palavra, este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo.
3 - Quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, governamos também todo o seu corpo.
4 - Vede também os navios: por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados com um pequeno leme à vontade do piloto.
5 - Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Considerai como uma pequena chama pode incendiar uma grande floresta!
6 - Também a língua é um fogo, um mundo de iniqüidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida.
7 - Todas as espécies de feras selvagens, de aves, de répteis e de peixes do mar se domam e têm sido domadas pela espécie humana.
8 - A língua, porém, nenhum homem a pode domar. É um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero.
9 - Com ela bendizemos o Senhor, nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
10 - De uma mesma boca procede a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que seja assim.
11 - Porventura lança uma fonte por uma mesma bica água doce e água amargosa?
12 - Acaso, meus irmãos, pode a figueira dar azeitonas ou a videira dar figos? Do mesmo modo a fonte de água salobra não pode dar água doce.
13 - Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre com um bom proceder as suas obras repassadas de doçura e de sabedoria.
14 - Mas, se tendes no coração um ciúme amargo e gosto pelas contendas, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.
15 - Esta não é a sabedoria que vem do alto, mas é uma sabedoria terrena, humana, diabólica.
16 - Onde houver ciúme e contenda, ali há também perturbação e toda espécie de vícios.
17 - A sabedoria, porém, que vem de cima, é primeiramente pura, depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento.
18 - O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz.
1 - Donde vêm as lutas e as contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros?
2 - Cobiçais, e não recebeis; sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais; litigais e fazeis guerra. Não obtendes, porque não pedis.
3 - Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões.
4 - Adúlteros, não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 - Ou imaginais que em vão diz a Escritura: Sois amados até o ciúme pelo espírito que habita em vós?
6 - Deus, porém, dá uma graça ainda mais abundante. Por isso, ele diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes {Pr 3,34}.
7 - Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós.
8 - Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós. Lavai as mãos, pecadores, e purificai os vossos corações, ó homens de dupla atitude.
9 - Reconhecei a vossa miséria, afligi-vos e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza.
10 - Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
11 - Meus irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de seu irmão, ou o julga, fala mal da lei e julga a lei. E se julgas a lei, já não és observador da lei, mas seu juiz.
12 - Não há mais que um legislador e um juiz: aquele que pode salvar e perder. Mas quem és tu, que julgas o teu próximo?
13 - Agora dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, ficaremos ali um ano, comerciaremos e tiraremos o nosso lucro.
14 - E, entretanto, não sabeis o que acontecerá amanhã! Pois que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um instante e depois se desvanece.
15 - Em vez de dizerdes: Se Deus quiser, viveremos e faremos esta ou aquela coisa.
16 - Mas agora vós vos jactais das vossas presunções. Toda jactância desse gênero é viciosa.
17 - Aquele que souber fazer o bem, e não o faz, peca.
1 - Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão.
2 - Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela traça.
3 - Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo. Entesourastes nos últimos dias!
4 - Eis que o salário, que defraudastes aos trabalhadores que ceifavam os vossos campos, clama, e seus gritos de ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos.
5 - Tendes vivido em delícias e em dissoluções sobre a terra, e saciastes os vossos corações para o dia da matança!
6 - Condenastes e matastes o justo, e ele não vos resistiu.
7 - Tende, pois, paciência, meus irmãos, até a vinda do Senhor. Vede o lavrador: ele aguarda o precioso fruto da terra e tem paciência até receber a chuva do outono e a da primavera.
8 - Tende também vós paciência e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima.
9 - Não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está à porta.
10 - Tomai, irmãos, por modelo de paciência e de coragem os profetas, que falaram em nome do Senhor.
11 - Vós sabeis que felicitamos os que suportam os sofrimentos de Jó. Vós conheceis o fim em que o Senhor o colocou, porque o Senhor é misericordioso e compassivo.
12 - Antes de mais nada, meus irmãos, abstende-vos de jurar. Não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem empregueis qualquer outra fórmula de juramento. Que vosso sim, seja sim; que vosso não, seja não. Assim não caireis ao golpe do julgamento.
13 - Alguém entre vós está triste? Ore! Está alegre? Cante.
14 - Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;
15 - E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 - Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
17 - Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
18 - E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.
19 - Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter,
20 - Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.